segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Estudando o Arqueômetro
Capítulo I
O valor dos fundamentos
A odisseia humana é fascinante e repleta de acontecimentos que nos conduzem aos locais mais longínquos, são antigas histórias, sonhos, fantasias, mitos e imensas realizações que despertam em nosso interior a chama em busca do entendimento da vida, fazendo-nos conjeturar sobre muitas coisas, principalmente que, de alguma forma, todas essas representações e suas construções encontram-se impressas em todos nós, herdeiros naturais dos nobres ancestrais do mundo. São luzes e trevas que lançadas nos caminhos da história humana, ainda que em um passado muito distante, estão sutilmente expostas nas entrelinhas das mais variadas formas e tratados herméticos, não deixando dúvidas de que a intenção destes ancestrais era perpetuar estes conhecimentos, visando que nunca viéssemos perder o foco do real sentido, que nos conduz pelos caminhos da grande e mais importante das descobertas: a da completude interior, utilizando-se de expressões em síntese contidas nas tradições destes povos, veladas por enigmas que, possivelmente, visam afastar os leigos ou materialistas que possam desvirtuar seus fundamentos.
O entendimento adquirido em busca de algo que seja, de fato, superior, ilumina o caminho da vida e traz novas interpretações para os conhecimentos mais sublimes, que podem romper com todos os sentidos estratificados pelas culturas modernas. São sementes da sabedoria que, por perenidade, frutificam, através dos tempos, em forma de ideais, tornando-se chamamentos e luzes, comprovações que os fundamentos direcionam os fatos para questões cada vez mais profundas. Ao ver consumado a máxima de que nada é conhecido em plenitude, são incontestáveis algumas afirmativas proclamadas nas grandes escolas de mistérios: - nos encontramos nos movimentos entrepostos dos diversos campos energéticos, nestes incessantes movimentos pode-se vivenciar a impermanência. Esta afirmativa requer uma justaposição conjugada com uma imensa perspicácia para desvendar os segredos que envolvem os registros da passagem humana na terra, pois há muito os hierofantes já haviam exposto tais verdades em suas teorias.
O exercício de se dispor mentalmente aberto à exploração de fatos incomuns não é tarefa das mais fáceis, pois vivemos em um mundo influenciado pelos sentidos, constituído estruturalmente para entendimentos imediatos, até mesmo a barreira natural relacionada com a herança genética funciona como impedimento, pois as necessidades básicas conjugadas com a constituição cultural reagem como um paredão de razões fortes para as desistências. Existem vários comportamentos sociais que emolduram nossa forma de viver, traçam o destino de milhares de seres humanos por tempos imemoriais e muitos vivem e morrem sem ao menos saber o porquê das experiências básicas.
Há séculos, muitos séculos, que a humanidade explora o céu e a terra, observando seus movimentos, estruturas e manifestações. Há fortes indícios de aferições extremamente inteligente, estes elementos constituídos historicamente remontam tempos imemoriais., revelações talhadas nos portais dos templos, nas colunas de suas cidadelas e nos antigos documentos que relatam as odisseias de civilizações que tiveram parte de seu legado destruído, através de anos de guerras e conquistas, que mergulharam a humanidade em uma imensa escuridão, tornando-a materialista e pueril.
Os fatos demonstram que, cidades inteiras eram conduzidas por um sistema social ordenado por conselhos de anciões, sábios das sociedades, que dividiam seus ensinamentos em níveis, estendendo o saber por toda a sociedade. As evidências deixadas nas narrativas de tais povos permitem a demonstração de indiscutíveis provas do valor desses ilustres pensadores, guardiões do saber.

Muitas dessas histórias puderam ser desvendadas, outras se enfileiram nos panteões dos mitos e contos, por exemplo, a narrativa platônica, da existência de uma civilização conhecida pela figura do continente perdido de Atlântida. Pode-se questionar o que levou Platão a escrever sobre assuntos tão interessantes, mas o que não se pode deixar de frisar é que se trata de um esforço indiscutível para registrar a presença de uma ancestralidade muito antiga, como outros também o fizeram, histórias de templos e cidades, legado grafado em documentos que narram, de forma detalhada, os costumes dessas civilizações.

Algumas civilizações, constituídas a partir do período boreal, caracterizado pela última era glacial, conforme narram as antigas tradições, os primeiros arianos, a mais recente das raças planetárias, a branca, após contato com a raça negra que, segundo Fabre d’Olivet, chamada de “Sudeana devido a sua origem equatorial... já existia com toda a pompa de Estado social. Ela cobria toda a África de nações poderosas, possuía a Arábia e estendera suas colônias não só por todas as costas meridionais da Ásia, como também no seu interior”. Existem registros irrefutáveis do contato entre esses povos e da formação do tronco indo-europeu neste período. Estes fatos estão descritos em detalhes na odisseia de Rama, personagem ariano que travou uma batalha épica no sul da Índia, antiga Barat Versh, nas centenas de versos registrados pelo ilustre sábio Valmiki no livro sagrado dos brâmanes, o Upanishads. Neste livro encontram-se as narrativas da vitória de Rama sobre o brâmane “Ikshaûku, chefe da Dinastia Solar... o Rawhôn” que se chamava Daçaratha, “Nonnus, em suas Dionisíacas, consagrou vinte e cinco cantos à sua descrição. Ele chamava o Rawhôn de Deríades, sem dúvida seu nome próprio, qualificando-o sempre de rei negro, chefe do povo negro”, opositor implacável, que dominava e não mais disseminava o saber primordial legado à raça negra. “Após a conquista de Lanka, nada mais resistiu ao teocrata celta. Do Sul ao Norte, do Oriente ao Ocidente, todos se submeteram às suas leis religiosas e civis”.
Se todas as narrativas são verdadeiras, dificilmente saberemos, até mesmo se o personagem Rama é um ser humano ou um grande ideal transformado em conto, também dificilmente saberemos, ou mesmo, se Sita sua amada, raptada pelo rei-monstro do Ceilão era uma mulher ou algo muito precioso que deveria ser libertado, somente o tempo e as evidências nos mostrarão.
Rama e seus seguidores deixaram um legado de irrefutável valor e implementaram suas ideias em terras distantes, na realidade, permitiram que alguns povos tivessem acesso a esses saberes, que se constituíam de uma elaborada estrutura de organização social, em diversos níveis de representação, instituindo uma visão ampla e diferenciada sobre a vida. Esse período tornou-se conhecido como o “Ciclo do Cordeiro” ou dos povos que realizavam o culto solar.
O que importa de fato é compreender como ocorreu, como tais ideais foram construídos, pois existem evidências da veracidade de muitos desses fatos. Existem muitos registros que foram marcados como passagens históricas e muitas variações que identificam uma refinada e inteligente intervenção de ordem superior na constituição dessas sociedades, quando ainda, supostamente, não existiam instrumentos tão precisos quanto os atuais e, muito menos, teoricamente, reuniam informações culturais para constituir métodos complexos de um modo geral.  Existem indícios de que essas sociedades tinham profundos conhecimentos das artes, admiravam o belo, construíam com extrema destreza arquitetônica, estudavam o cosmo, elaboravam complexas escalas musicais, possuíam poderosos sistemas religiosos e filosóficos, sem mencionar um considerável número de conhecimentos em diversas áreas dos saberes.
 Pensar tudo isso, elaborar teses, conhecer a constituição de tais saberes e, entender determinadas situações é uma tarefa das mais difíceis, o que não se pode é legar tais conhecimentos às fábulas, ignorando sua própria essência. Existem fatos que podem ajudar no aprofundamento dessas teses, possibilitando uma análise qualitativa que permita a reconstrução precisa dos fatos e que permitam concluir sobre a sua veracidade, confirmando as origens e os acontecimentos, evidenciando distorções e desvendando enigmas.
 Na realidade, existe algo de enigmático, elementos que precisam ser desvelados, mas, também, no reforço disso tudo há fatos reconhecidamente comprovados que foram suprimidos ou não relevados pelas civilizações modernas. Desde Thales de Mileto, quando, supostamente, inicia-se a era da Filosofia, convenção criada pelos que remetem toda a iluminação ocidental aos gregos, caminhando em direção aos ícones como Pitágoras, Heráclito, Parmênides, Sócrates, Platão, dentre outros valorosos pensadores que contribuíram para que o conhecimento se perpetuasse através dos tempos - a construção dos saberes, a partir da história, vem se firmando somente em uma base - a ciência.
 A ciência pura e simples tornou a humanidade materialista, forçando para dentro de si a construção do todo, pois se apropriou daquilo que lhe completa, que são os outros três pilares: a filosofia, a arte e a religião. Certamente, não foram estes fatos isolados que contribuíram para a degeneração deste tipo de conhecimento, outros seguimentos fizeram o mesmo, provavelmente já não existia a devida noção de unidade, ou os interesses foram maiores do que própria razão.
A verdade é que a ciência embutiu a abstração, filósofos modernos, na sua maioria, seguem modelos determinados pelas academias e não se ocupam da função principal que é filosofar, pois filosofar é conectar-se aos graus superlativos, atribuindo referência para a concretização e objetivação prática. Outra coisa importante: os ditos detentores do conhecimento, não passam de meros colecionadores de livros, quando raro expõem conhecimento retorcido e copiado da fonte, trazem pouca análise e revelação, por isso, não basta ter as fontes, é preciso saber decifrá-las.
Como havia dito, não foi somente a ciência quem tomou os caminhos da apropriação do saber e do poder, as religiões partiram rapidamente para os mesmos objetivos, porém, de outra forma, vinculando tudo, na maioria das vezes, a um deus punitivo, que não se esquece, vingativo e rancoroso, expressando as disfunções dos fundamentos e de suas essências, constituindo-se, muitas vezes, como instrumento de manipulação, cegando seus seguidores. Neste caso, a mesma mão que afaga é a que cerra o olhar de quem busca o discernimento, promovendo a ignorância, o materialismo religioso e o medo.
Estes fatores não são percebidos por todos, ao contrário, em algumas situações foram construídos de tal forma que, muitos conhecimentos se perderam e outros foram deturpados, e pior, se consolidaram inumeráveis informações manipuladas, muitas partiram das adulterações destas doutrinas, não expressando a mínima relação com a base que conduz aos fundamentos preconizados por seus fundadores. 
Presentemente, a grande maioria das pessoas não entende como se constituiu a ordem básica de formação deste tipo de conhecimento e sua trajetória nas estruturações das civilizações. Isto para não citar seguimentos religiosos, que iludem de forma proposital, prometendo o que não lhes pertence ou sugerindo um universo de paz através do poder e de conhecimentos ocultos inimagináveis. Tais propostas são iscas para presas fáceis e polarizadas pela soberbia, ambição e poder. Demonstrando assim que a grande maioria das religiões, como outros pilares, não cumprem seus objetivos primordiais, pois afastam a humanidade da busca do sagrado que, também, como já foi citado anteriormente, não se resume ao aspecto religioso.
O verdadeiro saber é liberto e clareia a mente de quem busca respostas.  Não se pode negar que tais situações são fatos e que, nem tudo transcorre dentro do que é superior, existem muitas inversões de valores que visam absorver das almas desatentas àquilo que elas não conseguem traduzir como verdadeiro, achando melhor viver de migalhas do que plantar o seu próprio trigo, aplicando a arte da transformação, torná-lo pão, vivendo de seu próprio suor e esforço. Este é o grande mérito de quem sabe semear, isto é o que diferencia o idealista do sonhador.
 É inegável a condição de que um dia isto será resgatado de alguma forma. Entretanto, faz-se necessário que em algum momento a essência se restabeleça, pois a conjugação dos pilares do conhecimento é matéria prima para a construção de uma humanidade indiferenciada, chave para o discernimento e igualdade, meio de se distanciar do que é efêmero e comum - a libertação para todos dos domínios da ignorância e das sombras.



domingo, 16 de outubro de 2011


 As vivências das Mandalas
 Era uma vez no Oashram

       No ano de 2009, em um lugar chamado Oashram, vivi uma experiência maravilhosa e tive a oportunidade de conhecer pessoas oriundas dos mais variados ramos dos saberes, o projeto expressava a convivência da pura diversidade, o objetivo era desenvolver atividades voltadas para o crescimento humano.
           Várias atividades ocorriam ao mesmo tempo: grupo de estudos de Tarot e Astrologia, oficina de percussão, estudos da Cabala,  Reiki, oficina de teatro, oficina de dança, constelação familiar,  oficina de arteterapia, palestra sobre os mais variados temas, discussões de livros e filmes, canto, danças circulares e para principiantes, Satsanga Krya Yoga, sustentabilidade e permacultura, feira de artesanato, grupo de medicina, psicologia,  enfim, uma variedade de pessoas e conhecimentos que realmente faziam a diferença.

             Minha primeira participação no projeto foi em uma palestra sobre a mandala do Planisfério Astrológico de Rama, o Arqueômetro. Para expor o assunto,  visando uma apresentação didática, fiz uma representação do planisfério no meio do salão, nasceu neste dia a intuição para elaboração do Rito das Vivências das Mandalas. 
            O local destinado para a vivência tinha um piso maravilhoso, por isso decidi elaborar uma mandala gigante com um raio aproximado de três metros, geometricamente traçada, demarcada com fita dupla face sobreposta com fitas de seda nas cores do Arqueômetro.
        A vivência iniciava com uma prédica sobre o assunto, a ideia era construir uma imensa mandala com todos os participantes, assim como fazem os monges do budismo tibetano com suas mandalas de areias colorida. Como não tínhamos habilidades tão apuradas como a de um monge disponibilizei materiais variados e práticos, tais como: velas, pedras e areias coloridas, cristais, metais, moedas, flores, lamparinas, grãos, enfim, uma variedade de elementos que possibilitassem a distribuição das formas dentro do plano geométrico.

          Na realidade, estava reunindo teorias como a Mandala do Arqueômetro, temas religiosos, filosóficos, da psicologia e do cotidiano. A ideia era constatar se os hindus, os budistas tibetanos e os junguianos estavam corretos. Como era esperado  estavam, pois todos os participantes manifestavam naturalmente habilidades que impressionavam pela beleza, harmonia geométrica e integração com o todo.
      No final do Ritual das Mandalas realizávamos alguns mantras e desmanchávamos a mandala como fazem os monges do budismo tibetano que preconizam o princípio da criação, preservação e destruição, oferecendo as flores e os grãos nos jardins do Oashram.
                Para melhor elucidar o objetivo do trabalho procurava enfatizar a importância da representação geométrica da mandala, reforçava o que era a definição espacial harmônica e suas múltiplas subdivisões. Explicava o  significado da palavra mandala, sua procedência na língua sânscrita antiga e que era composta da contração de duas palavras manda= essência e la= conteúdo, compreendido como a essência da esfera ou círculo da essência, ou simplesmente, círculo.
    Nas vivências explicava que as mandalas eram utilizadas em várias tradições religiosas  e detalhava as diferentes visões, principalmente no extremo oriente, como expressão da manifestação do sagrado, o divino a organizar a forma (o Yantra), sempre irradiando de dentro para fora, afirmando que a mandala significava o movimento interno. Elucidava também que nos últimos séculos vinha sendo estudada e difundida no ocidente,  onde vários pesquisadores já haviam elaborado verdadeiros tratados a partir da observação dos conhecimentos, principalmente dos hindus e dos budistas tibetanos.
                Como psicólogo, explicitava  quem era Jung e que era um grande precursor deste conhecimento no ocidente, e que rapidamente entendeu a finalidade do círculo mágico. Se tornou tão importante que passou a ser associado ao seu conceito de si-mesmo, pois representava a totalidade e produção da busca do equilíbrio da personalidade, sendo a representação harmônica da multiplicidade do uno. Enfatizava que na sua visão é a busca do equilíbrio do mundo interior e um objeto poderoso na meditação em profundidade, onde encontram-se as representações do que chamou de Self.
                Prosseguia explicando que na sabedoria dos antigos hinduístas a mandala faz parte da relação do altar com o templo, é símbolo da representação do divino, utilizada na prática religiosa visando a passagem do estado material para o espiritual, onde a finalidade é alcançar o centro onde encontra-se a representatividade da perfeição,  utilizando a meditação como instrumento desta busca através de ritos com cânticos (mantra/som) e idealizações de forças na mente (tantra/luz). A tradição budista não difere muito deste contexto, também utilizam o yantra ou a mandala como instrumento de meditação,  entoam mantras e visualizam o estado do Buda, o da iluminação, visando alcançar o Nirvana, os planos de felicidades.  No budismo tibetano, os dos Lamas, a mandala também é o instrumento de ascensão espiritual, produzido através de uma visão divina, cósmica e humana.
                A elaboração e vivência ritualística proporcionam a aquisição de forças que equilibram e regeneram as energias nos planos, mental, astral e físico. Essas energias de modificação tonificam os diversos campos, ativando processos de acessos aos conteúdos do inconsciente, estimulando a mente abstrata, equilibrando as emoções, promovendo um processo que restabelece funções orgânicas básicas. As mandalas funcionam como fonte de cura e auto-cura, possibilitam centrar-se em um eixo, entenda-se como equilibrar-se nos diversos níveis do funcionamento do corpo e da alma.

                Estas práticas exigem um ambiente propício, sagrado e criativo, pois é assim que nascem visões e experiências interiores altamente diversificadas e pessoais, possibilitando um encontro com o si-mesmo.  Jung recorreu muitas vezes às imagens das mandalas para analisar representações simbólicas da psique e constatou que a mente humana relaciona-se com a mandala através da contemplação, um reencontro com alguns sentidos de vida e ordenação, não importando sua tradição religiosa, possibilitando a integridade dos pensamentos e a harmonização na busca do equilíbrio, pois conserva a psique e a reorganiza. Está diretamente relacionada com a “imaginação ativa”, constatando também que ajuda na concentração, tendendo a restringir o processo para o centro, como este é indiferenciado e harmônico o indivíduo tende a se sentir em conformidade com as energias emanadas deste interior.   
                Outros estudiosos da psicologia também observaram que essas práticas tinham um efeito mais profundo em estado de semi vigília, quando a abstração flui com mais intensidade e o inconsciente fica mais permeável, existindo uma tendência natural de ordenar aquele momento da existência, pois a natureza é divina e harmônica, principalmente geométrica como preconizavam os pitagóricos.

                No Brasil, vale o registro do trabalho da Dra. Nise da Silveira,  no Centro Psiquiátrico D. Pedro II no Engenho de Dentro/RJ . Profunda conhecedora das obras junguiana,  tratava pacientes com perturbações mentais graves. Fundou as terapias ocupacionais com ateliês de pintura e modelagem, onde observou muitos pacientes que desenhavam mandalas como forma de promover a auto-cura, como afirmava Jung, pois na elaboração das mandalas os estados contemplativos geram uma tentativa em busca do equilíbrio. Nestes trabalhos ficou claro que a mandala realmente é um arquétipo da ordem, da integração e da plenitude psíquica.
                Não se tem mais dúvidas que são padrões da totalidade, constatado na manifestação da própria natureza, como nos caracóis, nas folhas, nas flores e uma série de outras repetições de padrões geométricos em formas de mandalas.
                Foram realizados no Oashram dez ritos das vivências das mandalas com os mais variados grupos, todos responderam à tendência de se reorganizar, seguiram um padrão das representações da mandala do Arqueômetro, confirmando a proposta contida no trabalho.



terça-feira, 11 de outubro de 2011

A importância do conhecimento   
O sagrado


            A história da humanidade está cercada de mistérios, muitos enigmas que fomentam a sede do saber. Estudar e expor o assunto não são tarefas fáceis, pois mensurar a ordem dos conteúdos e dispor tais saberes de forma harmônica, ordenada e criar canais, que permitam um bom entendimento e compreensão dos fatos requer uma aproximação gradativa da capacidade de assimilação destes conhecimentos, atingindo a exposição dos diversos graus que identificam as descrições dos saberes na forma superlativa, relativa e objetiva, como afirmava o próprio Saint Yves d’Alveydre nos capítulos do livro “O Arqueômetro”.

            Estes fatores exigem uma perspicácia na forma de elucidar  os fatos, visando clarificar as idéias expostas para que as pessoas possam vislumbrar algumas faces diferenciadas dessa imensa variedade de situações que os antigos mistérios nos oferecem, mas o desafio acaba por impulsionar a disseminação do conhecimento, percorrendo os primeiros passos, adentrando os portais que possibilitarão o acesso aos conteúdos esotéricos, que permitirão as montagens das chaves primárias que, devidamente ordenadas, funcionarão como estruturas básicas para os entendimentos que levantarão os véus que encobrem estes saberes.

            Neste processo de apreensão do conhecimento posso sentir dentro de minh’alma os sonhos dos neófitos ávidos por adquirir novos ensinamentos, a busca de profundas percepções que ainda nutrem uma eterna certeza indescritível, cerimonial e divina.  O desafio é contextualizar em uma raiz de entendimento, que contenha uma ordenação linear com início, meio e fim, pois a maioria das teorias encontra-se, aparentemente, desconectadas ou fragmentadas, dificultando a assimilação do conhecimento.          
                  
          Evidenciar a importância dos estudos, as mais variadas teorias e as vivências de nossos ancestrais, este é o grande objetivo da vida, pois essas atitudes não trazem fantasias ou fórmulas mirabolantes, pelo contrário, serve como aviso aos que desejam “fazer chover”, principalmente para os que tratam os conhecimentos dos mistérios como propriedade privada e se esquecem dos princípios e regras contidas nos estudos e práticas destes assuntos, muitas vezes desconhecendo os reflexos de sua Lei.
         
            As vozes ressonantes dos grandes hierofantes ainda ecoam pelo mundo através de seu verbo eterno, geração após geração, as chamas sagradas dos preceitos herméticos iluminam os corações dos desejosos, ávidos por conquistar estes saberes à sombra do carvalho, nas brumas da nossa ancestralidade.

             No altar da vida, diante do grande templo da humanidade, ainda se pode ouvir os trovões que vêm de todos os montes sagrados do mundo, o Verbo Divino que sustenta a permanência da chama do saber, mantida século após século pela misericórdia e benevolência de seres luminares, são jóias da sabedoria, que emanam seus brilhos perpétuos possibilitando acessos aos ensinamentos que funcionam como chaves, que abrirão as portas da morada divina, onde encontra-se o legado destes Mestres Ancestrais que através dos ciclos angelicais, periodicamente, sensibilizam as almas que estão prontas para receber as revelações.

            Finalizando estas primeiras considerações, tomo emprestadas as palavras de Saint Yves d’Alveydre ao destacar o dia da revelação do selo sagrado, arqueométrico, afirmando: “Quando os primeiros Mestres da Humanidade, os patriarcas, na flor da virgindade psíquica, chegaram à confirmação do Verbo pelo seu caráter exotérico, sentiram no coração o choque do Deus vivo. Até na mais profunda solidão, sentiram que essa emoção não vinha só deles, mas que era dupla, compartilhada e, ao mesmo tempo, recíproca, com uma doçura de atenção e de energia, ao mesmo tempo humana e sobre humana”.

            Estas sábias palavras falam por si, emocionam e expressam o que é verdadeiramente superior, para que não caiamos na retórica que mal diz e despreza os místicos, confundindo-os com pessoas de “mente aterrorizadas, feiticeiros, sábios falsários e sacerdotes em delírios”.